segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

10 ideias para esclarecer

1- Qual a questão quando se fala de despenalização do aborto?
Com este referendo, pretende-se saber se os portugueses concordam ou não com a liberdade total para abortar até às 10 semanas, mesmo sem o consentimento do homem.

2- Mas querem que as mulheres que abortam vão para a cadeia?
Não! Há mais de 30 anos que nenhuma mulher vai para a cadeia por ter abortado e a ida a Tribunal (já muito rara) evita-se sem ter que mudar a lei.

3- Dizem que o feto ainda não é pessoa e por isso não tem direitos…
Dentro da mãe não está de certo um animal ou uma planta, está um ser humano em crescimento com todas as suas características em potência desde o momento da concepção.

4- E os problemas da mulher?...
A solução dos problemas dum ser humano não pode passar pela morte doutro ser humano. A mulher em dificuldade precisa de ajuda positiva para a sua situação.

5- Mas a mulher não tem o direito de usar livremente o seu corpo?
Não se trata de usar o seu corpo, mas de dispor do corpo de outro.

6- E quanto à questão da saúde da mulher que aborta?
Legal ou ilegal, o aborto representa sempre um risco e um traumatismo físico e psicológico para a mulher.

7- E quando a mulher não tem condições económicas para criar um filho?
A generalidade das mulheres que praticam o aborto pertence às classes sociais favorecidas, logo, não o fazem por razões de ordem económica. Além disso, se não existem condições económicas para criar os filhos, é porque os políticos não têm apostado na criação de condições favoráveis à Família, situação que urge alterar.

8- Mas a despenalização não obriga ninguém a abortar…
Está provado que a despenalização torna o aborto mais aceitável na mentalidade geral, e por isso mesmo leva na prática ao aumento do número de abortos.

9- Porque se propõem prazos para o aborto legal?
Não há nenhuma razão científica, ética ou mesmo lógica para qualquer prazo. É totalmente absurdo que se proponha a liberdade para abortar com prazo marcado: a vida humana não conhece prazos!

10- O aborto é só um problema religioso ou abrange os direitos do Homem?
Independentemente das convicções religiosas, o aborto ataca os Direitos do Homem e estes emanam do primordial direito à vida, desde a concepção até à morte natural. Assim, o direito à vida é inquestionável e nem deveria ser referendável.

4 comentários:

patsp disse...

1. ...“mesmo sem o consentimento do homem”... e quando eles dão à sola, corremos muito depressa?
2. ... mas existem mulheres que passaram pelos constrangimentos de um julgamento e algumas têm penas suspensas.
Mas afinal, são ou não são criminosas?
3. Mas se for um “ser humano em crescimento com todas as suas características em potência desde o momento da concepção” resultante de uma violação é aceitável fazê-lo?
4. “A mulher em dificuldade precisa de ajuda positiva para a sua situação.” Tipo: tu não sabes nada da vida, nós sim, nós ajudamos-te a ser mãe, não te preocupes... Quantas mães de filhos não desejados já ajudou?
5. “dispor do corpo de outro” é o que querem fazer ao impor um único caminho às mulheres... existem muitas verdades, o SIM permite que cada uma haja em conformidade com a sua verdade.
6. “Legal ou ilegal, o aborto representa sempre um risco e um traumatismo físico e psicológico para a mulher”... mas na versão ilegal morrem mais, sofrem de mais danos colaterais e – felizmente – estão longe da vista, logo longe do coração.
7. “generalidade das mulheres que praticam o aborto pertence às classes sociais favorecidas” dito por quem?
8. “está provado que a despenalização torna o aborto mais aceitável na mentalidade geral, e por isso mesmo leva na prática ao aumento do número de abortos.” De onde lhe chega esta prova cientifica?
Podia continuar mas já gastei a energia que tinha para gastar. Em nenhum momento valoriza a liberdade da escolha ou a capacidade que as mulheres portuguesas têm para lidar com essa responsabilidade. Pena.

Nuno Pereira disse...

1. Se o homem dá à sola é porque não se importa se a mulher aborta ou não. Mas se o homem quer ajudar a mulher grávida e o seu filho?
2. À luz da lei actual são. À luz da futura lei em caso de vitória do não, e se abortaram após as 10 semanas também o serão, e mesmo dentro deste prazo como foi num estabelecimento não autorizado também continuarão a ser penalizadas. E se têm penas suspensas é então não estão na prisão.
3. A mulher pode optar por continuar a gravidez. Se não quiser continuar a gravidez creio que o simples facto de ter no seu ventre um ser humano filho de uma pessoa que a violou pode ser aceitável e justificável para terminar a gravidez. Apesar de ter um ser humano em crescimento e que vai abortar, há uma justificação para esse aborto. À luz do que está em referendo não é preciso nenhuma justificação da mulher para praticar o aborto.
4. Não, nunca ajudei, mas os meus pais já ajudaram. Já houve muitas instituições em Portugal que ajudaram. Às vezes basta uma pequena ajuda à mulher para que esta sinta que pode continuar a gravidez.
5. Mas não se está a matar a mulher. O sim permite que a mulher aborte porque não lhe dá jeito ter um filho naquele momento. Acha bem?
6. Não digo que não. É preciso ajudar a impedir que esses abortos clandestinos acabem, não deixar que eles se tornem legais, mas apenas nas condições referidas na pergunta. Mas será que se deve deixar que a mulher interrompa a gravidez só porque o aborto clandestino existe, ou deve-se evitar o aborto?
7. Sinceramente, não sei. Mas "além disso, se não existem condições económicas para criar os filhos, é porque os políticos não têm apostado na criação de condições favoráveis à Família, situação que urge alterar."
8. Acontece na Espanha, na Rússia, entre outros, existem dados que mostram que o aborto cresceu nesses países.

A liberdade de escolha não pode ser um justificativo, porque estamos a falar de uma vida. A responsabilidade pode ser adquirida ao longo do tempo, principalmente se o apoio surgir, e este já existe.
Também tenho pena que ache que a solução para um problema seja a solução mais fácil, que não apoia a vida.

patsp disse...

"Também tenho pena que ache que a solução para um problema seja a solução mais fácil, que não apoia a vida." isto, de chamar solução mais fácil à opção de praticar o aborto, é de quem nunca teve que se confrontar com a tomada de decisão. E imagino que seja confortável atirar postas de pescada nessa situação.
E sabe o que é eu acho sinceramente? Se não fosse crime uma das opção, se fossem dadas todas as opções às mulheres, se fossem VERDADERAMENTE apoiadas, se se confiasse na capacidade de decisão das mulheres muitas evitariam tal solução. Porque, ao contrário do que por aí se diz, não é decisão nem fácil nem banalizável. E olhe que eu sei do que falo.
A continuação da criminalização é liberalização selvagem (sem rei nem roque) e um crime contra a saúde das mulheres. Mas o que é isso comparado com um projecto de pessoa, não é? Morram por complicações pós-aborto clandestino porque quem peca paga! Não tivessem andado a fazer "essas" coisas... afinal a mensagem é esta, não é?

Nuno Pereira disse...

Será mais fácil abortar ou deixar a gravidez continuar e cuidar da criança? É neste sentido que falo que é mais fácil.
E conheço casos em que houve a opção entre o aborto e continuar a gravidez: a "operação" estava marcada, vai falar com familiar, recebe apoio e não aborta. Hoje em dia está feliz com a opção.

Veja isto.